CR7

O neno-home é unha víctima
pois ninguén se achegou ao home-neno para dicirlle:
toda
esa violencia
neno-home, toda
esa
testosterona,
neno-home
será,
a perdición
do home-neno.

O neno-home golpea
viola
mata
o home-neno.

Ninguén lle deu un abrazo ao neno-home
antes
de golpear,
de violar,
de asasinar

o

home-neno

chora o neno-home a súa violencia a súa perversión
o home-neno non quere ser castigado, só quere
ser
perdoado
polos seus erros-deslices-nunca máis
implora
o home-neno.

A muller,
golpeada,
violada,
asasinada
dille
entón
ao
neno-home:
ti es unha víctima home-neno, pois ninguén se achegou a ti e che explicou da violencia e do amor e che deu un abrazo, home-neno.
Ti es tamén unha víctima, home-neno.
Entón, a muller xa pode afrouxar sogas do seu pecozo e afastar coitelos do seu esterno que branden homes-nenos. E volta xunta doutras mulleres, golpeadas, violadas, asasinadas.
Entón, o home-neno volta xunta doutros nenos-homes e todos cantan: somos víctimas da nosa violencia e de que ninguén nos deu un abrazo nin nos explicou a violencia. E rin e golpean, e violan e asasinan.
Entón víranse para os seus fillos os nenos-homes e danlle un látego e un cetro e cantan: Non vos propeocupedes homes-nenos, pois ese cetro e ese látego son os cetros e os látegos que branden as víctimas, que somos nós os nenos-homes-nenos.
Non teñades medo. Agora e sempre seredes víctimas. Non teñades medo.
Golpea, viola, asasina,
non teñas medo.

CR7

O menino-homem é uma vítima
pois ninguém se aproximou do homem-menino para dizer-lhe:
toda
essa violência
menino-homem, toda
essa
testosterona,
menino-homem
será,
a perdição
do homem-menino.

O menino- homem golpeia
viola
mata
o homem-menino.

Ninguém deu um abraço ao menino-homem
antes
de golpear,
de violar,
de assassinar

o

homem-menino

chora o menino-homem a sua violência a sua perversão
o homem-menino não quer ser castigado, só quer
ser
perdoado
pelos seus erros-deslizes-nunca mais
implora
o homem-menino.

A mulher,
golpeada,
violada,
assassinada
diz
então
ao menino-homem:
tu és uma vítima homem-menino, pois ninguém se aproximou de ti e te explicou a violência
e o amor e te deu um abraço, homem-menino,
Tu és também uma vítima, homem-menino.
Então, a mulher já pode soltar as cordas do seu pescoço e afastar facas do seu esterno que brandem homens-meninos. E volta para junto doutras mulheres, golpeadas, violadas, assassinadas.
Então, o homem-menino volta para junto doutros meninos-homens e todos cantam: somos vítimas da nossa violência e de que ninguém nos tenha dado um abraço nem nos tenha explicado a violência. E riem e golpeiam, e violam e assassinam.
Então voltam-se para os seus filhos os meninos-homens e dão-lhes um chicote e um cetro e cantam:
Não vos preocupeis homens-meninos, pois este cetro e este chicote são os cetros e os chicotes que brandem as vítimas, que somos nós os meninos-homens-meninos.
Não tenhais medo. Agora e sempre sereis vítimas. Não tenhais medo.
Golpeia, viola, assassina,
não tenhas medo.

Tradução para português José Pinto

Biotexcom

Cando as parideiras deixen de ser fértiles, emigrarán ao oeste da Europa coidar
por 2 euros á hora
dos seus propios fillos,
que se chamarán pocholo,
covadonga,
cayetano.
Ou serán deportadas a Bangladesh onde tecerán 13 horas ao día
por 2 euros os babadeiros
dos seus propios fillos,
que se chamarán albert,
inés,
mariano.
Ou sobrevivirán masturbando millonarios anciáns
que se chamarán emilio,
josemari,
rodrigo.
Ou serán estrume, xabón, cinza,
residuos.
A utopía seguirá sendo a violencia dos derrotados, o desvío do normalizado, a enfermidade;
pero será cada vez máis só soñar co purgatorio, con poder sacar a cabeza do inferno que devora inmedíbel.
E é que o progreso sempre supera a idea de progreso.

Para máis info visitar: http://mother-surrogate.info/services/

Biotexcom

Quando as parideiras deixarem de ser férteis, emigrarão para o oeste da Europa para cuidar
por 2 euros à hora
dos seus próprios filhos,
que se chamarão pocholo,
covadonga,
cayetano.
Ou serão deportadas para Bangladesh onde tecerão 13 horas por dia
por 2 euros os babetes
dos seus próprios filhos,
que se chamarão albert,
inés,
mariano.
Ou sobreviverão a masturbar milionários anciãos
que se chamarão emilio,
josemari,
rodrigo.
Ou serão estrume, sabão, cinza,
resíduos.
A utopia continuará a ser a violência dos derrotados, o desvio do normalizado, a enfermidade;
mas será cada vez mais apenas sonhar com o purgatório, com poder arrancar a cabeça do inferno que devora incomensurável.
É que o progresso sempre supera a ideia de progresso.

Para mais info visitar: http://mother-surrogate.info/services/

Tradução para português José Pinto

Genaro da Silva

Genaro da Silva (Galiza, 1980) é autor de títulos como Mudanzas (2008, Prémio de poesia da Universidade de Zaragoza), Esguello (2015, Fundación Cuña-Casasbellas, em coautoria com a pintora Carolina Munáiz), Lahdnets (2018, Ejemplar único, com Gabriel Viñals) ou Flor Negra (2018, Chan da Pólvora). É editor da revista e da página dos tr3sreinos.com, e doutor em Biodiversidade e Ecossistemas, trabalhando em projetos de ecologia e conservação, principalmente com libelinhas e borboletas. 

#000