Amor em quarentena: “viver de se”

E se… fosses tela
Assim seria pincel que de olhos vendados desenha o desejo mais  carnudo do teu ser…

.. e se …fosses brisa. Sabes, aquela brisa de verão de quem pouco se espera, mas que …que quando apalpa a face, acaricia-a como pluma em corpo húmido e ardente

E se… fosses música.
Aquela que 2 corpos abraçados, quentes palpitantes e ofegantes se embalam que nem o mar embala a lua em noite que está cheia

E se… fosses sussurro.
Baixinho, aquele murmúrio do teu nome no teu ouvido em momento que antecipa o ecstasy do mais delicioso prazer

E se… fosses pele. Aquela que arrepia e se junta ao respirar ofegante a cada toque meu

E se… fosses tu, em cada gemido meu!

Abril, 2020

Sensações

Dos lábios
Os beijos
Da pele
A pelvis

Dos lábios
entranhas
Sussurrando
Penetras

Me abro
Empurras
Quenturas
Tremuras

Aninho
Abraço
Reviro
Teu gozo

Teu corpo
Teu dorço
Explorando
Loucuras

Teu membro
Meu cálice
Suores
Gemidos

Me toco
Te sinto
Odores
Sabores

Explodes
Encolho
Meu ventre
Vibrando

Janeiro, 2021

Helga Fonseca

Helga Fonseca, Mindelo (Cabo Verde), 1985. Desde sempre interessada no livro e na leitura, desenvolveu gosto pela escrita e pelo spoken word. Durante muitos anos parou de escrever e regressou em 2016. Participa e organiza sessões de Spoken Word, além de coordenar o Laboratório de Teatro do Oprimido de Santo Antão, Cabo Verde. Gosta de escrever um pouco de tudo, mas é com poesia e contos eróticos que mais se identifica. Assumiu-se recentemente, através de um blog, enquanto escritora e sim, este passo foi importante no seu processo criativo para hoje estar a assumir-se aqui.

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