Meu continente esquecido

Hoje escrevo sobre Africa mas com alegria no coração
Escrevo sobre minha terra meu mundo 
Lugar de gente de pele escura e alma iluminada
Gente que um dia viu sua alma sendo levada

Muitos lutaram, nunca desistiram
Hoje me pergunto: Onde está o nosso mundo, o nosso universo?
Ainda acredito na revolta da nossa raça em busca da plena liberdade.

O que me faz ser uma africana?
É o amor pela minha terra e minha cultura e minha espiritualidade
Neste lindo e imenso continente todos os caminhos me levam a origem do mundo

Hoje e sempre escreverei sobre África minha terra,
Lutando por um mundo mais igual, sem guerra.
África morará sempre dentro de mim e este não será o seu fim.

O Despertar

Eis o dia que me tornaram escravo do meu opressor
Me fizeram acreditar nas suas palavras, no seu mundo e que há nele 
Me tiraram tudo que eu tinha minha terra minha cultura e minha espiritualidade e me implementaram as suas regras.

Cá estou eu, não sei de onde vim nem quem sou
Só lembro que estou aqui na terra de quem me oprimiu  
Mas hoje me despertei e me pergunto como posso continuar a servir quem me chicoteou quem tirou a minha personalidade e minha história?

Parei! Parei! E disse basta! Não nasci pra ser escravo. 
Eu nasci pra ser livre e feliz junto dos meus 
Ver a minha terra toda ser livre esta é a lei do meu mundo

Hoje decidi tirar a venda dos meus olhos
Decidi lutar por mim e por os meus irmãos
Livrar-me da mão do meu opressor é a minha única opção
Esse será o inicio da nossa libertação.

Caminhos Incertos

O ego me perturba e me consome insaciavelmente no frio da solidão 
No calor da paixão nos convencemos que este caminho será eterno
Que após as mágoas e desilusões superamos, a cada ficção

Acordamos com a esperança na flor da pele 
Acreditamos nas incertezas e aceitamos até o impossível
Amamos livremente como dois amantes

Percorremos vários caminhos incertos cheios de espinhos
Inocentemente acreditamos que nunca acabará
Mesmo que a vida nos mostre, através de desilusões 

Ainda assim, aceitamos o mesmo caminho 
Cheio de incertezas, porque assim é o amor.

Leocádia Reis

Leocádia Dos Reis nasceu em São Tomé, São Tomé e Príncipe, 1996. Licenciada em Contabilidade Fiscalidade e Auditoria pelo Instituto Universitário de Contabilidade, Administração e Informática. Estudiosa do Pan-Africanismo. Escreve poemas relacionados com o continente africano, porque pretende, através da escrita, reforçar uma representação do continente diferente daquela que habitualmente é transmitida. Pretende expandir a sua escrita para diversos géneros literários, tais como romances, crónicas, contos e literaturas infantis, pois encontra na escrita um testemunho.

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