redesenhar o fim
duas palavras vagando pelo escuro dourado da minha rebeldia pública
não vejo,
estava de olhos abertos mas trancados
era quase madrugada meu semblante
mas o estranho era eu
me contava histórias de ninar adultas
rebeldia pública
aquieta o facho
compartilhando couros secos nas tuas mãos molhadas

pedra perto pet pílulas voadoras minhas alças aladas nuas vestidas, dilua: belas manhãs, de calhamaços, blocos são levas congruentes colírio estrondoso extravagante ofegante extasiada por nada cansadas. pensando lombrigas coloridas mareadas. caminhadas singular ombros verdes. cê-pê-i.
tragédia espetacular a dourada fome sacia.
cobras esguias
tropeçam caindo
no vácuo cheio cabe
tudo aquilo que marca e destrincha:
solucionando nós
e o nó
língua
problema
acaso
bucal de descobrimentos
invasão
desdescobrimentos
onde fomos aquele
triste poema
espaço tela tu?
estás aqui vivendo
em inércia consonância
murmúrios passageiros
parados decantando
lágrimas:
saliva encantando seca.
correr, sempre oferecendo lírios
por acaso
acalentando
correr, nunca desistir: ou sim
desistir
vibrar quando: fora: de: à: há:
a-gra-de-ço
espero —
transformo animais
decompõem paisagens vazias
mistérios fáceis
mergulhar é quebrar pedaços do colibri
não estamos sonhando
isso é a guerra:
estamos ou não?
espero sinais de que estamos em paz –

Janelas surgem
Extratos de reflexos
onde pode?
Paisagens Quebradas
Retomar sangrias, derrubar secretamente vidros
escrever “Gritar sobre janelas”
Espelhos quebram
Ecoam Campos parindo
Meridionais poemas atravessam paredes, Espelhos
O quarto febril estava quente, derretendo dentro
Ventava consciente
Leviana segunda-feira.
cabocla visita o condominio de concreto
chãos que piso descalço os pés descaso a mente
lhes recebo, caboclas
correndo superfícies orbitais por onde já foi
terra fios de amor correm descalços pelo mar
lembro de quando não havia memória
esqueço de quando mas elas lembram
há lugares onde gritos escondidos mostram dentes estranhos
afiados com sangue
dentes agudos vibram música
harmonias estranhas
mapas rasgados escondidos dançando
entre espelhos
escombros secretos
rasgados e dentes
sofrem desgastes
entre sonhos rasgados
repetidamente rasgados
por garras harmônicas
dentes mudos estranham
cabeças renascem escombros
dentes aveludados
gritam silêncios
Poemas Coletivo redesenhar o fim
Ilustração Diana Salu

redesenhar o fim
redesenhar o fim é a coletiva género-dissidente, composta por cristal saldanha, diana salu, esteban rodrigues, lu lentz, lucas canavarro, matheusa dos santos, meliny bevacqua, vanessa serena, pierre tenório e rafa ella brites. essa publicação de poemas, escritos a 16 mãos, empresta o nome do coletivo.