UM PUCARINHO É BASTANTE
Intro
Vive amor de quase nada vive dum pouco que é tanto duma lágrima de pranto dum gesto, de uma mirada ou da ternura embrulhada numa risada fagueira. Digo à minha companheira por quem meu ser se desvela traz-me uma prenda singela amor se fores à feira Amor, se fores à feira traz-me uma prenda galante não quero nada de ourives um pucarinho é bastante
Traz-me o silêncio pasmado da praça que é o Rossio, ou o sussurro do rio correndo quase olvidado sob o chão empoeirado. Se lá passares diante, traz-me do Sátiro cantante, essa água de ternura que amor sacia e perdura, traz-me uma prenda galante.
Refrão———————————
Amor é simplicidade e com pouco se contenta seja aos vinte ou aos oitenta o amor não tem idade. Ele só quer a verdade: por isso, amor, não te esquives, porque a meu lado tu vives e sabes bem como eu sou, este recado te dou: não quero nada de ourives.
Refrão———————————————
O amor cabe num beijo, por maior que seja amor, seja ele como for, É sempre igual ao desejo. Por tudo o que sinto e vejo, para um coração amante, o que é pequeno é gigante. E para encher d’alegria quem ama, sofre e confia, um pucarinho é bastante.
Refrão—————————————————
Poema António Simões
Música Rui Moura
PUCARINHOS DE BARRO
Intro Bass
Pucarinhos de barro, quem me dera sentir, na minha boca, essa frescura da vossa àgua perfumada e pura, que traz o sabor da primavera! Quanta boca ansiosa vos procura, num símbolo de crença e de quimera simples imagem viva, bem sincera, dum mundo de ilusões e de ternura! Meus santos pucarinhos, milagrosos, cumprindo as gratas obras do Senhor, dando a beber aos lábios sequiosos minha boca vos beija com fervor, como se noutros tempos luminosos, beijasse ainda o meu primeiro amor!
Solo
Poema Maria de Santa Isabel
Música Rui Moura
OS BONECOS DE ESTREMOZ
Senhoras da Conceição, mas que linda procissão e figuras de mil cores! Sinto orgulho, eu não nego, ao ver o “Amor é Cego” bonecos dos meus amores Nas manhãs, lindas raiando, pl’a cidade vou andando. Meu pensamento a bailar. Mesmo quando a aragem corta, Quando passo aquela porta
não passo sem lá entrar Fico sempre fascinado no meio da bonecada, por lindas mãos a moldar. Pois dum pedaço de barro sai um pastor com seu tarro, uma Santa Rita a rezar.
Refrão—————————————-E daquelas mãos formosas, sai um braçado de rosas p’ra pôr na Rainha Santa. Primaveras coloridas, ceifeiras de cores garridas, presépios de graça tanta.
Poema Lúcia Cóias
Música Rui Moura

Rui Moura
Nasceu em 1961, Malanje, Angola. Concluiu os cursos de Piano, Composição e Canto no Conservatório de Música do Porto, para se iniciar na docência em 1985. Escreveu bandas sonoras para as séries de ficção da televisão Vidas de Sal, Primeiro Amor, Filhos do Vento e, a partir daí, fez música para cinema e campanhas de defesa dos direitos humanos, tem musicado poemas, nomeadamente de Álvaro de Campos. Cooperador da SPA, fez a música, produziu e cantou textos de poetas populares num disco intitulado “Bonecos de Estremoz”, a ser editado em breve sob a chancela da Câmara Municipal de Estremoz.